Trata-se de oficinas de educomunicação sobre o uso do rádio no monitoramento participativo de ações condicionantes da UHE Belo Monte. Espera-se ao final do projeto que os participantes saibam identificar o conteúdo das obrigações que o governo e o empreendedor que constrói a usina tem com a cidade e a população local. Na 1 etapa representantes do Instituto Socioambiental (ISA) vão apresentar e explicar as análises de condicionantes feitas pelo ISA. Na 2 etapa uma profissional de rádio irá orientar os participantes na produção de sports de rádio a partir dos conteúdos da etapa 1.
Como você poderia descrever a principal temática do seu projeto?
Country:
Cidade
Altamira
Descreva a comunidade amazônica específica com a qual você estará trabalhando
O público alvo do projeto são os representantes de rádios comunitárias, associação extrativistas, associações indígenas e movimentos sociais da cidade de Altamira (PA). Todos familiarizados com computador, internet e redes sociais. A população de Altamira, que era de quase 100 mil pessoas no Censo de 2010, saltou para pelo menos 140 mil depois do início da construção da usina hidrelétrica Belo Monte, em 2011. A construção da usina tem impacto sobre 11 cidades, mas Altamira, principal polo urbano da região, é de longe a mais afetada pelo inchaço populacional. Neste contexto, não há na região produção de informação independente sobre o monitoramento das obras socioambientais que deveriam acompanhar a chegada da hidrelétrica, como construção de escolas, hospitais, saneamento básico e etc.
Quem mais fará parte da equipe ajudando a implementar o projeto?
Vitoriano Bill é professor da rede pública de ensino em Altamira e apresentador do programa “Mega Fone”, na rádio comunitária Nativa FM – 104.9, que busca conversar com a comunidade sobre os problemas da cidade. Com uma rede ampla de alcance na comunidade, Bill dará suporte na seleção dos participantes e divulgação da oficina na cidade.
Paulina Chamorro – coordenadora de meio ambiente e cidadania nas rádios Eldorado e Estadão. Também é apresentadora dos programas Planeta Eldorado, Planeta Estadão e Território Aventura- irá ministrar a oficina de rádio.
Leonardo Amorim – advogado do programa Xingu- ISA. Fez parte do corpo técnico do Instituto Socioambiental que analisou todos os pareceres divulgados pelo Ibama sobre as condicionantes da Licença de Instalação da usina.
Quais os tipos de notícias, estórias e outros conteúdos a serem criados?
Ibama e Funai divulgam semestralmente pareceres técnicos sobre o estado das obras condicionantes da usina hidrelétrica de Belo Monte. Baseado nestes dados e em respostas de requerimentos de informação, o ISA prepara uma síntese dos pareceres com um placar sobre o status do cumprimento das condicionantes vigentes. O material esta sistematizado em um infográfico publicado no site do ISA. (http://www.socioambiental.org/pt-br/blog/blog-do-xingu/infografico-belo-monte ). A partir da oficina, os participantes irão produzir spots e podcast de reportagens radiofônicas misturando as informações oficiais sobre ações relacionadas a saneamento básico, saúde, direitos indígenas, desmatamento que já estão sistematizadas no site do ISA com relatos da comunidade que acessa os serviços públicos da cidade.
Escolha a ferramenta ou mídia primária que o seu projeto vai usar.
Descreva as conexões que a sua organização já estabeleceu ou planeja estabelecer, e que contribuirão para o sucesso do projeto.
O ISA produz há 20 anos estudos e pesquisas, implanta programas que valorizem a sociobiodiversidade do país. Há 7 o ISA mantém um escritório em Altamira para apoiar iniciativas com populações extrativistas que vivem em regiões isoladas geograficamente. Desde a emissão da primeira licença ambiental de Belo Monte, o ISA também atua na idealização de um observatório das condicionantes socioambientais da usina. A falta de informação independente, a sofisticação técnica com a qual alguns dados são apresentados e o próprio conflito de interesse inerente a obra têm constituído empecilhos reais para seu acompanhamento e controle social. O objetivo principal é introduzir vozes novas e pouco representadas na construção de uma relação menos assimétrica entre sociedade civil, empresa e Estado
Quantas pessoas você espera que participem do projeto?
As oficinas pretendem alocar de 15 a 20 participantes com quatro pessoas na organização e execução do projeto.
Serão cinco vagas para representantes de rádios comunitárias, indicados pelo professor da rede pública de ensino em Altamira e apresentador da rádio comunitária Nativa FM, Vitoriano Bill.
Mais cinco vagas destinadas a representantes de associações indígenas e extrativistas indicados pelo Instituto Socioambiental, que atua a mais de sete anos com essas comunidades. Outras cinco vagas serão destinadas a representes de movimentos sociais da região, também indicados pelo ISA.
Descreva quais tecnologias, ferramentas e mídia com que você vai se concentrar ao treinar membros da comunidade
Gravadores de áudios, software livre para rádios, podcasts e mídias sociais.
As rádios comunitárias têm, potencialmente, a capacidade de operar como um modelo de comunicação alternativo ao sistema tradicional dos meios de comunicação de massa. Existem atualmente mais de quatro mil rádios comunitárias licenciadas no Brasil. Na Amazônia, são cerca de 300 rádios comunitárias licenciadas pelo Ministério, segundo dados da Associação Mundial de Rádios Comunitárias. Nesse sentido, ao realizar uma atividade de comunicação na Amazônia é indispensável trabalhar com as emissoras de rádio e rádio comunitária, privilegiando a distribuição de materiais que dialoguem com a cultura e o cotidiano local. O áudio produzido nas oficinas vão abastecer podcast de rádio web e a radio comunitária local.
Descreva as instalações onde as oficinas serão conduzidas.
As oficinas serão realizadas em sala locada especialmente para a atividade, com projetor e computadores com acesso a internet disponíveis. Serão locados quatro computadores para uso nas atividades práticas e comprados 2 gravadores de áudio para a realização da atividade, que serão doados as rádios comunitárias da região ao término da atividade.
Qual é a sua relação atual com a comunidade com a qual pretende trabalhar? O que torna você ou a sua organização apropriado/a a implementar este projeto?
Como jornalista do ISA participo da equipe que realiza as análises das condicionantes de Belo Monte há 18 meses. Moro em Brasília, mas estive em campo na cidade de Altamira nas mais diversas situações, como ocupações nos canteiros de obras, protestos, reuniões e negociações, produzindo neste tempo mais de 15 reportagens sobre os fatos envolvendo os descumprimentos das condicionantes. Conquistei abertura e credibilidade com os atores. Também tenho contato com profissionais de comunicação que acreditam no uso de ferramentas participativas de mídia cidadã para contar histórias de questões que lhes são importantes, como o caso da radialista Paulina Chamorro, que pretende ministrar gratuitamente a oficina. O projeto será apenas o “ponta pé” de uma grande rede de troca de informações.
Especificamente, quais são os desafios que você prevê ter de enfrentar ao planejar e implementar o seu projeto?
O objetivo é, por meio de ferramentas de comunicação, empoderar a comunidade local com informação qualificada. O primeiro desafio é traduzir de maneira acessível as informações sobre o monitoramento das obras socioambientais de Belo Monte. O segundo é fazer com que a oficina transforme-se num impulso para o monitoramento participativo e que o público alvo possa se apropriar das tecnologias apresentadas no exercício e continuar a produzir matérias de áudio sobre o tema a partir deste encontro. Espera-se que o contato entre o público alvo e os profissionais que irão ministrar a oficina seja o início de um vínculo de trocas contínuas de informações. A oficina também só será possível porque a o ISA irá apoiar o projeto oferecendo hospedagem aos profissionais que irão ministrar a oficina.
Como vai mensurar e avaliar o impacto de seu projeto especificamente com: seus participantes diretos, a comunidade regional mais ampla e a comunidade digital global?
Durante 30 dias, a organizadora deste projeto propõe-se a monitorar e acompanhar o desenvolvimentos de conteúdos relacionados aos temas das condicionantes ambientais, oriundos dos participantes das oficinas e de que forma eles absorveram o conteúdo aplicado. Em forma de relatório de clipagem qualitativo, estas informações poderão ser medidas e assim revelar o alcance da proposta. A intenção é preparar os participantes para receber melhor as informações que serão frequentemente divulgadas nos canais de comunicação do ISA, como site e redes sociais, a respeito das condicionantes.
Caso seu projeto seja selecionado pelo Rising Voices, qual seria o cronograma geral de atividades do projeto em 2014-2015?
A primeira oficina deve contar com a participação dos profissionais e amadores que atuam na linha de frente de rádios locais e rádios comunitárias, representantes de associações indígenas e extrativistas e jovens ligados a movimentos sociais. Técnicos e especialistas do Instituto Socioambiental que atuam na área de monitoramento de condicionantes socioambientais de Belo Monte vão apresentar para este público alvo todas as análises de condicionantes socioambientais de Belo Monte já feitas pelo Instituto Socioambiental.
Duração: 8 horas
Data prevista: 01 de novembro
Oficina 2- A segunda oficina deve contar com os mesmos atores da oficina 1- Esta etapa pretende produzir materiais de rádios sobre os conteúdos das Oficinas 1.
Duração: 8 horas.
Data prevista: 02 de novembro
Apresente um orçamento detalhado de até US$3.500,00 para custos operacionais.
.: custos com oficinas – aluguel de sala e computadores por dois dias e compra de gravadores de áudio – US$1.500,00 dólares
.: 4 passagem aéreas – 1.600 dólares
.: alimentação e deslocamento da palestrante– 200 dólares
.:diagramação e impressão de cartilhas para uso na oficina – 200 dólares
Além do financiamento da micro-bolsa, que outro tipo de apoio o Rising Voices poderia oferecer para garantir o sucesso do seu projeto?
A Rising Vocices pode enviar materiais de boas experiências em projetos executados em parceria com a organização que ajude este projeto a viabilizar uma rede de ativistas de mídia cidadã para ajudar, incentivar e apoiar a replicação deste tipo de treinamento e produção de conteúdo na região.
Também seria muito valioso receber sugestões de pessoas do Brasil e do mundo que trabalham com comunicação alternativa e/ou monitoramento participativo para que possamos conectá-las com os comunicadores das mídias alternativas em Altamira.
Nome de contato
Letícia Maria de Freitas Leite
Organização
Instituto Socioambiental