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Sobre

De acordo com a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, o direito à liberdade de expressão e ao acesso à informação nas línguas nativas é uma das condições fundamentais para o total empoderamento dos povos indígenas. Preservar a vitalidade das línguas indígenas ajuda a preservar e proteger os conhecimentos tradicionais, encontrados principalmente na forma oral, e ao mesmo tempo salvaguardar a cultura e a identidade das comunidades indígenas.

As mídias digitais e plataformas disponíveis na internet são algumas das ferramentas utilizadas pelas comunidades para exercer seus direitos. Beneficiando-se do aumento da conectividade e da facilidade de acesso aos dispositivos, as comunidades estão ampliando o alcance dos conteúdos que produzem em sua língua nativa e seu acesso à informação e conhecimentos produzidos por terceiros, e expandindo sua capacidade de comunicação com indivíduos de outras comunidades.

Esta tendência vem sendo encabeçada pelas redes de ativistas digitais das línguas indígenas, que adotam a abordagem do “faça você mesmo” para criar conteúdo digital, campanhas nas redes sociais, materiais educativos on-line e plataformas de comunicação. A principal intenção desses ativistas é compartilhar habilidades, experiências e conhecimento.

A Declaração de Los Pinos [Chapoltepek], delineada durante o evento do Ano Internacional das Línguas Indígenas 2019 da UNESCO, reconheceu o potencial destes ativistas e recomendou:

Fomento às redes de ativistas e defensores digitais do ensino e aprendizagem de línguas indígenas, bem como estímulo ao intercâmbio de melhores práticas relacionadas ao uso da tecnologia.

No entanto, tais comunidades linguísticas ainda enfrentam uma série de obstáculos importantes para o uso otimizado da internet e das mídias digitais na divulgação de suas línguas no ambiente virtual. Entre eles, estão as dificuldades de acesso, além dos desafios técnicos, tecnológicos, linguísticos, socioculturais e até legais ou políticos.

A boa notícia é que ativistas digitais do mundo inteiro estão abordando muitos desses desafios e desenvolvendo estratégias e soluções efetivas que poderiam ser adotadas e adaptadas ao contexto e à realidade específicos de outras comunidades.

A iniciativa Rising Voices (RV), da Global Voices, associa-se à UNESCO para elaborar uma caixa de ferramentas para ativistas digitais, baseada em experiências de outros ativistas, com o objetivo de ensinar aos usuários como as ferramentas digitais e as redes sociais podem ser utilizadas para promover e revitalizar as línguas indígenas ou outras línguas minoritárias ou pouco representadas. A RV e a UNESCO estão firmemente comprometidas com a proteção dessas línguas, oferecendo apoio e sua divulgação na internet. Uma prova da contribuição oferecida pelas duas organizações é o minucioso trabalho de criação das capacidades necessárias para equipar as comunidades indígenas com as ferramentas, recursos e habilidades necessárias para empreender suas próprias campanhas e projetos digitais, que ambas vêm desenvolvendo.

A caixa de ferramentas não será um guia explicativo, e sim um roteiro para o ativismo digital, elaborado em estreita colaboração com redes já existentes e com as novas redes de ativistas digitais e outros parceiros, à medida que os preparativos para a Década Internacional das Línguas Indígenas 2022-2032 continuam.

Consulte a seção Processo para obter mais informações sobre como planejamos envolver um maior número de partes interessadas.

PROCESSO

A etapa de desenvolvimento do projeto do kit de ferramentas oferece uma oportunidade única para que nós, como organizações parceiras, possamos aprender e traçar planos juntamente com nossas extensas redes globais de ativistas digitais da linguagem.

O Ano Internacional das Línguas Indígenas 2019, liderado pela UNESCO, nos brindou com uma perspectiva mais ampla sobre o trabalho relacionado às línguas das comunidades globais, e atualmente estamos revisando os documentos que contém as estratégias e recomendações formuladas pelos ativistas digitais e suas comunidades.

Baseado nos últimos sete anos de estreita colaboração com essas comunidades através de eventos presenciais, campanhas em redes sociais e projetos de pesquisa participativa, a RV continuará aprendendo com o conhecimento, habilidades e experiências compartilhadas pelos ativistas digitais.

No entanto, reconhecemos que estas comunidades enfrentam muitos novos desafios que outras comunidades também vivenciam, apesar das redes existentes. Por isso, desejamos reforçar o convite a diversas pessoas e comunidades para que participem deste processo, e queremos estendê-lo a outros grupos e organizações que trabalham junto a tais comunidades somando esforços para promover e revitalizar as línguas.

Reunião de Recursos

Selecionaremos um conjunto de recursos disponíveis, como guias, tutoriais e manuais sobre o uso de ferramentas digitais, para os usuários da caixa de ferramentas. Se você souber de algum bom recurso e achar que devemos conhecê-lo, informe-nos através deste formulário.

Histórias inspiradoras

Você conhece algum projeto digital inovador que está causando impacto nas línguas no âmbito local, nacional ou global? Conte-nos aqui (formulário).

Grupo de aconselhamento

Convidaremos os ativistas digitais das nossas redes na América Latina, Ásia, África, Eurásia e América do Norte para oferecer auxílio e orientações ao longo do processo.

Parceiros

Para participar desse processo de consulta, convidamos muitos dos grupos e associações indígenas, bem como organizações governamentais e da sociedade civil com ideias afins, a quem tivemos a honra de conhecer. Si você faz parte de uma organização indígena ou aliada e deseja participar desse processo, conte-nos aqui.

Traduzido por Laura Núñez.